A Gol Linhas Aéreas anunciou que pretende começar a voar no Brasil a partir de meados de 2025 com aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVTOL). O modelo escolhido pela companhia aérea é o VA-X4, da empresa britânica Vertical Aerospace. O grande diferencial do modelo é a propulsão elétrica, sem qualquer uso de motores a combustão, e o custo operacional.
O anúncio da Gol ocorreu pouco mais de um mês após a concorrente Azul Linhas Aéreas revelar uma parceria com os alemães da Lilium Jet para até 220 unidades do seu eVTOL, com perspectiva de início de operações em 2025.
Um dólar por pessoa
O objetivo da Vertical e da Gol é tornar os voos com a VA-X4 bem mais baratos do que os de helicóptero. A fabricante da aeronave fala em um custo de apenas US$ 1 (aproximadamente R$ 5,65) por pessoa para uma viagem de aproximadamente 40 quilômetros.
Uma estimativa mais realista aponta que os preços dos serviços deste táxi voador fiquem entre uma viagem de helicóptero e uma de carro particular. Com a popularização da aeronave e do serviço, a tendência é de diminuição nos custos de operação.
Conheça a aeronave elétrica VA-X4
A aeronave elétrica eVTOL VA-X4 ainda está em desenvolvimento, será uma mistura de avião com helicóptero, totalmente elétrico e deve iniciar os primeiros voos comerciais em 2024. Com 15 metros de envergadura e 13 metros de comprimento poderá fazer pouso e decolagem a partir de helipontos. Ela será capaz de transportar até cinco pessoas (quatro passageiros e um piloto) com capacidade máxima de 450 quilos.
O alcance da aeronave elétrica será de 160 km (100 milhas), com velocidade máxima de 320 km/h (200 mph). Isso significa que os passageiros podem viajar, por exemplo, de São Bernardo do Campo (SP) a Guarulhos (SP) ou de Belo Horizonte a Confins (MG) em cerca de 6 minutos. Ou então de São Paulo a Campinas (SP) em 15 minutos, ou do Rio de Janeiro para Angra dos Reis (RJ) em 22 minutos.
Stephen Fitzpatrick, CEO da Vertical, crê que o VA-X4 irá revolucionar o trânsito caótico de São Paulo, uma das maiores metrópoles da América Latina. “O VA-X4 é ideal para uma cidade como São Paulo, com uma população de mais de 22 milhões de pessoas, incluindo a Região Metropolitana. Nossos eVTOLs transformarão a forma como viajamos em cidades de alta densidade populacional que estão congestionadas com tráfego, levando aos céus aeronaves com emissão zero”, afirma o executivo.
Fornecedores renomados e experientes
A Rolls-Royce é a responsável pelo conjunto de propulsão com quatro hélices fixas na frente e quatro retráteis na traseira que desenvolvem uma potência combinada de 1.360 cv. O sistema de bateria próprio utiliza células de última geração para entregar 220 Wh/kg. Já a Honeywell fornece controles de voo e leis de controle. Microsoft e Solvay também participam do desenvolvimento do VA-X4.
Outras vantagens da aeronave:
- Elétrico, o VA-X4 é 100 vezes mais silencioso do que um helicóptero durante o voo e 30 vezes nos pousos e decolagens;
- Seus sistemas de controle de voo “fly-by-wire” (comandos por fios elétricos ao invés de cabos de aço) para tornar a aeronave mais simples de voar;
- Possui design simples, otimizando a segurança e aerodinâmica eficiente e permitindo voar com muito menos energia e potência do que um helicóptero.
Mil unidades encomendadas
As negociações para compor a frota de 250 unidades da aeronave elétrica VA-X4 da Gol têm as participações do Grupo Comporte e da empresa de leasing de aeronaves Avolon, que reservou 500 exemplares do VA-X4. American Airlines e Virgin Atlantic também anunciaram acordos para outros 500, o que totaliza ao menos 1.000 eVTOLs da Vertical Aerospace já com potencial de venda.
Embraer também terá sua aeronave elétrica eVTOL
Para concorrer com os modelos da Vertical e da Lilium, a brasileira Embraer tem planos de produzir um modelo próprio a partir de 2026. O aparelho está sendo desenvolvido pela Eve, divisão voltada para mobilidade urbana criada a partir da EmbraerX — que, por sua vez, é o braço de inovação e pesquisa da gigante aeronáutica. Entre os seus diferenciais está a possibilidade de ser controlado remotamente, uma espécie de drone gigante.
Por aqui ainda faltam estudos de viabilidade
Apesar dos anúncios de Gol e Azul, o uso dos eVTOLs no Brasil ainda dependem de um estudo de viabilidade. Isso inclui a certificação da aeronave e análise da infraestrutura necessária para operar essa aeronave com a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), e outras autoridades aeronáuticas nacionais e internacionais. A Vertical Aerospace e a Avolon esperam concluir o processo de certificação do VA-X4 no Brasil até 2024.