Seja na hora de comprar ou vender seu carro, seja na hora de fazer o seguro, você já deve ter ouvido falar da Tabela Fipe. É ela que serve de referência na hora de determinar o preço dos automóveis, comerciais leves, caminhões, micro-ônibus e motocicletas no mercado automotivo brasileiro.
A Tabela Fipe expressa preços médios de veículos anunciados pelos vendedores, no mercado nacional, servindo apenas como um parâmetro para negociações ou avaliações. Os preços efetivamente praticados variam em função da região, conservação, cor, acessórios ou qualquer outro fator que possa influenciar as condições de oferta e procura por um veículo específico.
Tabela Fipe 50 anos
A pesquisa de preços é mensal e abrange todo o Brasil. O nome Fipe vem de Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, uma organização sem fins lucrativos, criada em 1973 e que serve de apoio a instituições de ensino e pesquisa, públicas ou privadas, em especial o Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
Devido a importância e seriedade da instituição, a Tabela Fipe é usada como referência no segmento de seguros para determinar as indenizações integrais, isto é, quando o veículo é roubado ou furtado e não recuperado ou então quando sofre um sinistro e os reparos superam 75% do seu valor de mercado.
Disparada de preços na pandemia
Com a pandemia de Covid-19, que se iniciou em março de 2020, o mundo todo sofreu com a escassez de matérias primas e componentes eletrônicos e um dos segmentos mais afetados foi a indústria automobilística. Nessas horas, a lei de mercado é infalível: quando a oferta é pequena e a demanda alta, o preço sobe.
Assim, ficou mais caro e difícil fabricar carros, o que fez a produção despencar e seu preço disparar. Em outubro de 2019, o preço de um Toyota Corolla XEi zero quilômetro era de R$ 109 mil, segundo a Tabela Fipe. Três anos depois, em outubro de 2022, o mesmo Corolla XEi zero quilômetro saía por R$ 153 mil, uma alta de R$ 40,3%.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mesmo período foi de R$ 22,57%. Ou seja, o Corolla subiu acima da inflação.
Seminovos também ficam mais caros
Com os carros novos caros e raros nas concessionárias, o consumidor começou a olhar para o setor de seminovos. Aí novamente as leis de mercado fizeram o papel delas e o preço dos carros usados disparou.
Um Jeep Renegade Longitude 2.0 Turbodiesel 2017, por exemplo, subiu de R$ 92 mil para R$ 116 mil entre outubro de 2019 e outubro de 2022, alta de 26%. O normal seria o modelo desvalorizar de 10% a 15% no mesmo período, não valorizar até acima da inflação.
Tabela Fipe x Preço do seguro
Com a valorização repentina dos veículos seminovos e usados observada pela Tabela Fipe, as indenizações integrais pagas pelas seguradoras também subiram. Como agravante, a sinistralidade disparou neste ano, com números acima dos registrados antes da pandemia.
Por fim, reparar veículos que sofreram sinistros também ficou mais caro nos últimos três anos, pois os preços das peças de reposição subiram na mesma proporção dos veículos novos e seminovos.
Os custos dessa operação obrigatoriamente foram repassados aos preços dos prêmios dos seguros, que ficaram mais caros. De acordo com a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) a elevação média no preço dos prêmios em 2022 foi de 40% a 50%.