As vendas de carros mais sustentáveis – leia-se elétricos e híbridos – já vinham em franca ascensão no Brasil. Em 2022, segundo os dados compilados pela ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), foram emplacados 49.245 veículos eletrificados, um crescimento de 41% na comparação com o ano anterior (34.990).
Em 2023, o segmento dos carros sustentáveis ganhou a força de duas gigantes chinesas, a BYD e a GWM, que começaram a operar no Brasil vendendo somente eletrificados. Resultado: apenas nos seis primeiros meses deste ano, 32.239 unidades foram emplacadas no país. De acordo com a associação, os números indicam que o mercado tem boa possibilidade de superar a previsão de 70 mil emplacamentos até o final do ano.
Qual o segredo das chinesas?
As duas apostam na excelente relação custo-benefício para brigarem com nomes já consolidados no mercado automobilístico nacional. A BYD, que já produzia ônibus e chassis elétricos desde 2016 em Campinas (SP), passou a trazer carros maiores e mais caros em um primeiro momento, como o sedã Han e o SUV Han.
Em seguida, atacou na faixa de preço abaixo. Por um pouco mais que um Toyota Corolla Cross Hybrid, a marca oferece um SUV totalmente elétrico, o Yuan Plus, ou um híbrido grande, o Song Plus. Ambos são mais equipados e espaçosos do que o rival da Toyota.
Até no segmento de entrada a BYD deu uma chacoalhada. Com o compacto Dolphin, trouxe o carro elétrico para bem perto da classe média. Por R$ 150 mil, o modelo custa praticamente o mesmo que as versões topo de compactos como o Honda City e o Volkswagen Polo, com bastante espaço e equipamentos.
Mesmo caminho
A GWM seguiu pelo mesmo caminho. Comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) e começou a importar dois modelos: o SUV Haval H6 em versões híbrida e híbrida plug-in e o SUV cupê Haval H6 GT, sempre híbrido plug-in. A estratégia é semelhante a da BYD, com modelos maiores, bem equipados e de acabamento primoroso.
Até um rival para o BYD Dolphin – e, por consequência, para outros compactos nacionais com motor a combustão – a GWM resolveu trazer. Trata-se do Ora 03, que pelos mesmos R$ 150 mil traz motor totalmente elétrico, design “diferentão” e bons equipamentos e acabamento.
Contra ataque?
O sucesso das chinesas fez os outros fabricantes mexerem nas tabelas de preços de seus eletrificados. O híbrido Jeep Compass 4XE viu seu preço derreter de R$ 350 mil para R$ 295 mil. Na Peugeot, o e2008 caiu de R$ 259 mil para R$ 209 mil. A CAOA Chery foi outra que precisou reduzir os preços de seus eletrificados para conseguir concorrer. JAC e Renault também mexeram seus preços para baixo. Até a BMW entrou na dança.
Futuro dos carros mais sustentáveis no Brasil
Assim como no resto do mundo, os carros mais sustentáveis estão consolidados no Brasil e só tendem a crescer. Montadoras tradicionais já revelaram seus planos para os próximos anos e todas estão focando na eletrificação. A Volkswagen se prepara trazer a linha 100% elétrica ID e deve começar a vender o SUV Taos híbrido em 2024.
A Stellantis (Fiat – Jeep – Peugeot – Citroën) terá três híbridos flex e um elétrico totalmente desenvolvidos no país e focados no poder aquisitivo dos brasileiros. A Toyota – que hoje produz no Brasil os híbridos flex Corolla e Corolla Cross – anunciou que também terá o SUV compacto Yaris Cross Hybrid, produzido em Sorocaba (SP).
Você ainda vai ter um carro sustentável
Como todo país em desenvolvimento, o Brasil sempre recebeu tecnologias mais tarde. Com os eletrificados não foi diferente, porém sua popularização está em ritmo muito mais acelerado do que o normal. A expectativa é que, em no máximo cinco anos, já tenhamos modelos eletrificados no segmento de entrada sem cobrar a mais por isso.
