As vendas de carros no mercado brasileiro seguem sentindo a crise vivida pela indústria automobilística e pela pandemia de Covid-19. Com isso, veio a desvalorização do real, alta nos preços das matérias primas e falta de componentes e insumos para a fabricação de veículos.
De acordo com os dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de veículos Automotores), foram emplacados 1.974.431 automóveis e comerciais leves no país em 2021. Esse número é apenas 1,21% maior do que no catastrófico ano de 2020. Nessa época, concessionárias e fábricas fechadas resultaram em 1.950.754 unidades vendidas.
Em dezembro, turbinadas pelo pagamento do 13º salário, as vendas atingiram 193.555 unidades e subiram 20,21% em relação a novembro. Entretanto, se comparadas a dezembro de 2020, houve uma queda de 16,84%. À época, 232.744 emplacamentos foram registrados em todo o país.
E uma picape foi o primeiro colocado entre os carros mais vendidos em 2021. A veterana Fiat Strada recebeu uma nova geração, caiu nas graças do consumidor brasileiro e fechou o ano com 109.107 unidades vendidas. Além disso, a Fiat foi uma das montadoras que menos sofreram com a falta de semicondutores que vem afetando a indústria desde 2020.
Entre os automóveis também há novidades. Confira quais foram os cinco carros mais vendidos em 2021 no Brasil na categoria popular:
Desde que foi lançado, em 2013, o HB20 figura entre os automóveis mais vendidos do mercado brasileiro. Entretanto, o local mais alto do pódio nunca ficava com ele. Em 2021, ajudado pela paralisação de cinco meses na produção do rival Chevrolet Onix, o modelo pela primeira vez fechou o ano na liderança.
Os preços do HB20 variam entre os R$ 70,2 mil da versão de entrada Sense e os R$ 104,4 mil da topo de linha HB20 Platinum Plus. Apesar do sucesso, a Hyundai prepara uma reestilização do modelo que deverá ser lançada no segundo semestre de 2022.
Na segunda posição do ranking dos carros mais vendidos em 2021 ficou o Fiat Argo. Bastante comum nas frotas de locadoras de veículos, o compacto chegou a liderar em alguns meses. Porém perdeu força no fim do ano e perdeu por uma pequena margem.
Atualmente, a gama Argo começa com a versão 1.0 Flex, tabelada a R$ 72,3 mil e termina com o Argo Trekking 1.3, de R$ 81,6 mil. As versões 1.8 foram descontinuadas por não atenderem à Fase L7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) , que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2022. Para o lugar delas a Fiat vai lançar o Argo 1.3 com câmbio CVT.
Carro mais vendido no Brasil entre 2016 e 2020, o Onix foi nocauteado pela escassez de semicondutores no mercado mundial. A General Motors foi obrigada a parar a produção do modelo entre maio e outubro, o que prejudicou seu desempenho em vendas no ano. Sua fabricação, contudo, foi retomada e o Onix foi o mais vendido em novembro e dezembro.
Com o fim da produção do Joy, como foi rebatizada a primeira geração do Onix, o modelo mais barato da marca hoje é o Onix 1.0 Flex, que sai por R$ 72,1 mil. A versão mais cara é a Premier, que custa R$ 99 mil. Empenhada com o desenvolvimento da nova picape Montana, que vai crescer para brigar com a Fiat Toro e a Ford Maverick, a General Motor não deverá promover mudanças no Onix em 2022.
Prestes a completar 42 anos, o veterano Gol ainda tem fôlego para brigar pelo pódio entre os carros mais vendidos em 2021. Não pense, porém, que o hatch da Volkswagen é a estrela dos showrooms das concessionárias. Possivelmente ele nem será encontrado por lá.
O Gol – e seu irmão sedã Voyage – são hoje os queridinhos dos grandes frotistas, que fazem a compra diretamente com a montadora. Além das locadoras, as empresas de internet e telefonia buscam a robustez, economia e simplicidade do modelo. O Gol 1.0 é o mais barato e parte hoje dos R$ 69,8 mil. De novidades para 2022, apenas o fim da linha para o Gol 1.6, que não atende aos requisitos da Fase L7 do Proconve.
O Mobi, assim como o Gol, é uma figura onipresente nos pátios de locadoras. “Pau para toda obra” como o rival, o Mobi chegou em 2016 e roubou as vendas do Uno, que inclusive deixou de ser produzido em 2022. Apesar de usar a mesma plataforma e conjunto motriz do finado irmão, o visual mais jovial e moderno sempre foi o trunfo do Mobi.
A Like 1.0 é a versão mais em conta do modelo hoje e parte dos R$ 61,1 mil. Já o Mobi Trekking 1.0, a versão topo de linha do compacto, alcança os R$ 70,1 mil se equipado com todos os opcionais e pintura metálica.
Apesar de ainda muito utilizado, o termo carro popular já não representa mais fielmente os carros mais baratos vendidos no Brasil. À exceção do Renault Kwid Life 1.0, que oferece apenas os obrigatórios airbag duplo e freios ABS, todos os modelos vendidos trazem pelo menos:
Tal mudança se deve ao grau de exigência do consumidor brasileiro, que subiu bastante nos últimos dez anos. Acostumados com o conforto oferecido pelos itens antes opcionais, os compradores hoje fazem questão de carros completos. E a próxima vítima será o câmbio manual, que está ficando cada vez mais raro entre os modelos vendidos no país.