No último dia 11 de março, a Petrobras reajustou os preços do litro da gasolina em 18,8% e do diesel em 24,9%. Os seguidos reajustes nos preços dos combustíveis vêm prejudicando muito o trabalho dos motoristas de carro por aplicativo.
Mesmo os que optaram por converter seus carros para o GNV (Gás Natural Veicular) estão sofrendo para obter lucratividade, também afetada pela resistência dos aplicativos em aumentar as tarifas cobradas dos passageiros. A má notícia é que tão cedo o cenário não deve mudar, o que tem levado muitos profissionais a desistirem do carro por aplicativo.
De acordo com o Sistema de Levantamento de Preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo), na primeira quinzena de abril de 2022 o preço médio do litro de gasolina comum no Brasil era de R$ 7,22. O litro de etanol chegava a R$ 5,24, enquanto que o m³ de GNV batia nos R$ 4,74.
No Brasil, a situação é complexa e envolve muito mais fatores do que o normal. Desde 2016, quando Michel Temer assumiu a presidência após o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a Petrobras adotou a política de Preço de Paridade de Importação.
Com a medida, qualquer aumento no preço internacional do barril de petróleo é imediatamente repassado ao consumidor. Até 2016, a Petrobras absorvia esses aumentos, subsidiando o preço. Em contrapartida, não era tão lucrativa como é hoje.
As instabilidades políticas e econômicas do Brasil resultaram em uma desvalorização considerável do real nos últimos sete anos. Com o dólar alto e a paridade com o mercado internacional, o preço do litro da gasolina sobe.
Somado a isso, temos a incapacidade do país de refinar todo o petróleo bruto que consegue extrair. Com isso, a Petrobras precisa importar petróleo e gasolina, pressionando ainda mais o preço dos combustíveis.
A demanda por petróleo tem crescido no mundo todo. Com a economia voltando ao patamar pré-pandemia de Covid-19, a atividade industrial foi retomada e o consumo aumentou. Somado a isso, temos uma maior utilização do gás natural para a geração de energia elétrica na China e na Europa, pressionando ainda mais o preço do barril de petróleo.
Em meio ao aumento da demanda, temos o conflito entre a Rússia, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, e a Ucrânia, país chave na distribuição do petróleo e dos gás natural extraídos no país vizinho e enviados ao restante da Europa. No início da guerra entre os dois países, o preço do barril de petróleo ultrapassou os 150 dólares no mercado internacional.
A Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), um cartel que reúne 13 países e concentra cerca de 33% da produção global da commodity (por volta de 30 milhões de barris por dia), utiliza artifícios para controlar a produção e a cotação do barril. Ela limitou a produção para evitar quedas substanciais nos preços ou para valorizar a cotação do barril.
Durante o período de quarentena, a produção foi reduzida pela desaceleração das atividades no mundo todo. O problema é que os níveis produtivos de antes da pandemia ainda não foram totalmente retomados, mas a demanda por combustíveis, sim. Aí a regra básica da economia é implacável: pouca oferta + alta procura = preços elevados.
O etanol é uma commodity como o petróleo. Apesar de ser produzido no Brasil, sua cotação é internacional e também sofre influência do dólar alto e da demanda em outros países. Além disso, há o fator sazonalidade nas épocas de entressafra da cana de açúcar, quando a produção e os estoques de etanol são reduzidos.
Outros aspectos importantes são que o etanol precisa acompanhar o preço da gasolina para haver equilíbrio no mercado. Além disso, boa parte de sua cadeia produtiva e distribuição dependem do diesel, fazendo com que o custo maior seja repassado ao preço.
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