Desde o primeiro dia de 2022, está em vigor no Brasil a fase L7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). A nova legislação tornou ainda menores os níveis de emissões de poluentes tolerados entre os veículos à venda no país. Os modelos fabricados neste ano e que não se encaixam nos novos padrões não podem mais ser vendidos.
O Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, conhecido pela sigla Proconve, foi criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Ele tem como objetivo normatizar e impor regras e limites nas emissões de gases poluentes pelos veículos automotores. Àquela altura, os grandes centros urbanos já sofriam bastante com a poluição gerada pelo aumento da frota circulante.
O Proconve é dividido por fases. Elas entram em vigor em média a cada cinco anos e determinam limites cada vez mais rigorosos. O prazo permite que os fabricantes tenham tempo para que as otimizações possam ser realizadas. Isso envolve a indústria de peças automotivas, a criação de alternativas de combustíveis menos poluentes e a qualificação de profissionais especializados.
A nova fase que entrou em vigor em 2022 passa a controlar não apenas os gases emitidos pelo escapamento. Mas ela também atua com outras fontes de emissões, além de exigir novos parâmetros dos propulsores. Quais são eles?
Na fase L7, o catalisador deve atender novas exigências de durabilidade. Sua vida útil teve prazo dobrado de 80 mil para 160 mil quilômetros rodados. Outra novidade é que serão consideradas as emissões de hidrocarbonetos, aldeídos e também o etanol, adicionados aos valores do NOx (óxido de nitrogênio).
A maior modificação a ser exigida dos fabricantes pelo Proconve L7 está no tanque de combustível. Isso porque há um novo limite de evaporação de gases tóxicos. A exigência anterior era o limite de 1,5 grama. Já a atual é bem mais rigorosa, pois exige emissão máxima de 0,5 g por dia. Para isso, o cânister – peça que filtra o vapor proveniente do tanque antes de liberá-lo na atmosfera – precisou ser ampliado.
Veículos flex e a diesel agora precisam apontar no sistema de diagnóstico todas as falhas no pós-tratamento dos gases de escapamento. Também precisam manter eventuais falhas registradas na central eletrônica por até um ano.
Algumas categorias de veículos tiveram o limite de ruído máximo reduzido de uma a dois decibéis.
O termo vem do inglês e significa “emissão real em rodagem”. A nova metodologia – que adotada progressivamente até 2025, quando começa a fase L8 – será aplicada com os carros rodando em condições reais pelas ruas.O objetivo é evitar as fraudes que já foram encontradas nos ensaios de emissões realizados em laboratórios.
A exigência de airbags e freios ABS decretou o fim de modelos veteranos como o Fiat Uno Mille e a Volkswagen Kombi em 2014. Agora, a fase L7 do Proconve foi o empurrão que faltava para encerrar a carreira de carros que já não eram mais muito procurados nos concessionários.
Na Fiat, fim da linha para a segunda geração do Uno (que ganhou a série especial de despedida Uno Ciao), Grand Siena e Doblò. Outro que se despede é o motor 1.8 EtorQ, que além deste último equipava também Argo, Cronos e a picape Toro. Estes três passam a usar o motor Firefly 1.3 aspirado e com turbocompressor.
Na General Motors, o adeus vai para o Chevrolet Joy e Joy Plus, respectivamente os antigos Onix e Prisma com motor 1.0 de quatro cilindros. Eles continuaram em linha com outro nome após o lançamento dos novos Onix e Onix Plus. Também deixaram de ser produzidas a picape Montana e as versões flex da S10.
Já a minivan Spin, modelo bom de mercado devido à capacidade de levar sete passageiros, foi agraciada com melhorias no velho motor 1.8 8V.
A Volkswagen encerrou a produção do Fox, que era vendido somente com o motor EA-111 de 1,6 litros e oito válvulas. Este propulsor também equipava Gol, Voyage com câmbio manual e a versão de entrada Saveiro Robust. A montadora ainda não se pronunciou sobre o assunto, mas possivelmente o trio vai receber o EA-211 de 1,6 litros e 16 válvulas.