Até meados dos anos 2000, a direção hidráulica era um item opcional na maioria dos carros à venda no Brasil. Apenas em modelos maiores e mais luxuosos, o item era de série. Quem não pudesse pagar a mais pelo opcional era obrigado a fazer esforço dobrado durante as manobras em baixa velocidade.
Apesar de parecer um equipamento recente, devido à popularização tardia no mercado brasileiro, a história da direção hidráulica é bem antiga. O primeiro automóvel a utilizar a direção hidráulica foi o Chrysler Imperial, em 1951. Desde então, o uso do equipamento foi crescendo cada vez, especialmente em veículos pesados, que têm volantes enormes e são muito difíceis de manobrar.
O objetivo da direção hidráulica é dar assistência ao motorista (por isso também é chamada de direção assistida) e reduzir o esforço do motorista para girar o volante. E ela cumpre a tarefa com êxito, uma vez que reduz a força aplicada pelos braços ao girar o volante em até 80%.
O sistema de direção de um carro é composto pelo volante, que é conectado à coluna de direção e esta à caixa de direção. Dentro da caixa de direção existe um pinhão (uma pequena roda dentada), que vai ligada a uma barra também dentada, chamada de cremalheira.
Ao girar o volante, através da coluna de direção, você gira o pinhão. Ele, conectado com a cremalheira através de dentes, empurra essa barra para direita ou esquerda, dependendo do movimento do volante. Os extremos dessa barra dentada têm os terminais de direção que são ligados às rodas e, quando movimentados, esterçam as rodas.
O que a direção hidráulica faz é ajudar a movimentar a cremalheira para a direita ou esquerda com o uso de uma bomba hidráulica e óleo sob pressão. É como se alguém ajudasse a virar o volante. A bomba depende da força do motor do veículo para funcionar e é ligada a ele pela correia de acessórios (que também movimento o alternador, a bomba d’água e o compressor do ar-condicionado.
Apesar de dar pouca manutenção, o sistema de direção hidráulica pode apresentar defeitos com o tempo de uso. Separamos os principais para que você consiga identificar antes de levar ao mecânico. Confira:
+ Você sabe dirigir carro manual?
O fluido usado na direção hidráulica circula dentro de um circuito fechado e pressurizado e tem uma quantidade certa para que todo o sistema funcione a contento. Como fazer a verificação do nível não é fácil (o reservatório é de material opaco), muitas vezes é colocado mais fluido que o recomendado.
Quando isto ocorre, o fluido acaba acumulando resíduos no circuito hidráulico e perdendo a eficiência. Tais resíduos também podem entupir os dutos do sistema e até mesmo danificar a bomba da direção. O principal sintoma é um esforço além do normal ao girar o volante. Além disso, quando há excesso, o fluido vaza pelo respiro da tampa e “molha” o reservatório por fora.
Assim como o excesso, a falta de fluido também é prejudicial para o sistema de direção hidráulica e sobrecarrega todos os componentes. Por ser um circuito fechado, o nível do fluido só baixa se houver algum vazamento pelas mangueiras ou pela própria bomba.
Quando o nível está baixo, a direção fica dura e surgem barulhos ao esterçar o volante. Os indícios de vazamentos são respingos de óleo avermelhado sob o carro na garagem ou escorrendo pelo cofre do motor.
Ao circular pelo sistema sob pressão e com temperaturas altas, o fluido vai perdendo suas propriedades com o tempo. Quando isso acontece, mais uma vez a direção fica pesada e fazendo barulhos. O ideal é fazer a troca do fluido e do filtro a cada 60 mil quilômetros rodados.
A bomba hidráulica pode dar defeitos e deixar de funcionar caso haja os problemas acima citados com o fluido. Quando para de funcionar, a direção fica pesada e passa a operar como uma direção convencional sem assistência.
Como dito acima, a bomba hidráulica é acionada pelo motor do carro através de uma correia de acessórios. Por ser feita de material emborrachado, a correia resseca com o tempo e pode partir, fazendo com que a direção e todos os outros agregados deixem de funcionar. Siga sempre o prazo de troca recomendado no manual do proprietário.
A direção hidráulica está praticamente extinta. Por utilizar a força do motor, acaba aumentando o consumo de combustível e as emissões de poluentes. Aos poucos, a direção eletro-hidráulica foi tomando o seu lugar. O funcionamento é igual. A diferença é que a bomba hidráulica tem acionamento elétrico e não mecânico (daí o nome).
Atualmente, quase todos os modelos à venda no mundo possuem direção elétrica. Neste sistema, não há bomba, mangueiras ou fluido. A assistência para girar o volante é feita por um pequeno motor elétrico instalado na coluna de direção.
Além de não ocupar espaço no cofre do motor e contar com muito menos componentes, a direção elétrica é comandada pela central eletrônica do veículo. Assim, pode contar com várias outras funcionalidades, como alerta de mudança involuntária de faixa, assistência de permanência em faixa, assistente de manobras ativo, entre outros.