O final de ano se aproxima e muita gente aproveita a data – e o 13° salário – para trocar de carro. Mas será que é um bom momento para fechar negócio? Como está a situação da economia e do mercado automotivo no Brasil? Quando comprar carro e fazer uma boa compra?
Confira abaixo algumas dicas para que o sonho do carro novo não se torne um pesadelo.
Atualmente, apenas 30% das vendas de carros novos no Brasil são financiadas, contra 70% nos anos pré–pandemia. A razão para tamanha queda é a restrição de crédito por parte das instituições financeiras.
Com a taxa básica de juros Selic acima dos dois dígitos e a inadimplência na casa dos 5,5%, está caro e difícil comprar carro financiado.
Soma-se a isso a escalada de preços dos veículos, o que exige entradas maiores e resulta em parcelas mais altas. Como a renda média do brasileiro não acompanhou a inflação do carro, financiar e conseguir pagar ficou mais difícil. Os bancos sabem muito bem disso e não aprovam as propostas de financiamento. Quando aprovam, não é barato.
Esse panorama só deve melhorar ao longo de 2024, caso o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) continue a reduzir a taxa Selic em 0,5% a cada 45 dias, como tem feito ao longo de 2023. Em setembro, a taxa chegou a 12,7% ao ano, menor valor em 16 meses.
Para quem tem dinheiro para comprar à vista, certamente é uma boa hora para comprar carro.
As vendas em 2023 estão andando de lado – cresceram 10% nos nove primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2022 – e as fábricas estão com grandes estoques. a combinação de pátios cheios e clientes com dinheiro na mão resultam em grandes descontos.
Um Volkswagen T-Cross Comfortline 2023/2024, por exemplo, pode ser encontrado nos concessionários por preços a partir de R$ 137 mil, contra R$ 159 mil da tabela da marca alemã para outubro. São quase 15% de desconto!
Na Jeep, o desconto em um Commander Overland TD380 4X4 chega a 20%. Até modelos de entrada, como o Hyundai HB20 Comfort Plus 1.0, podem ser encontrados com 10% de desconto.
Os carros usados sofreram enorme valorização durante a pandemia. Os motivos foram a disparada de preços dos modelos novos e as interrupções na produção das montadoras, em razão da falta de componentes. Com o carro novo faltando e caro, o consumidor correu para o usado. Com isso, o preço subiu.
Desde o começo do ano, porém, o mercado começou a voltar ao normal. Os preços estão caindo, afetados pela pela mesma falta de crédito para financiamento dos carros novos. Possivelmente não chegará ao mesmo patamar de antes da pandemia, mas ainda tem alguma gordura para queimar.
Para quem optar por comprar carro usado, a realidade é a mesma do comprador do carro novo. Financiar está difícil e caro e isso só deve mudar ao longo de 2024. Já para as compras à vista, é possível conseguir algum desconto na hora de fechar o negócio.
Em resumo: se você tem dinheiro para comprar um carro à vista, o momento é bom. Os estoques de carros novos e usados estão cheios e as concessionárias e revendas precisam fazer caixa para as despesas do final do ano (13º salário dos colaboradores e IPVA 2024, no caso dos usados).
Se você pretende financiar, convém aguardar mais alguns meses. A tendência é que a Selic fique abaixo dos 10% em meados de 2024. O Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal, também pode ajudar. Fator importante para recuperação do mercado pode ocorrer quando for aprovado pelo Congresso – acredita-se ainda neste trimestre – o novo Marco de Garantias para empréstimos em geral.
Seu objetivo é acelerar a retomada de bens de quem se tornou inadimplente nos financiamentos, sem necessidade de judicializar o processo. Com ele, é esperada uma redução importante dos juros do financiamento. Isso tornará mais baixas as prestações de quem paga em dia e aumentará a concessão dentro desta modalidade.
Mas fica aqui uma dica importante. Antes de comprar carro, faça a cotação de seguro do modelo que vai adquirir. Assim você já tem uma ideia dos gastos que terá.