Em 2020 a venda de carros novos despencou por conta do fechamento das concessionárias durante a quarentena. Em 2021, os problemas foram causados por falta de matéria prima, especialmente semicondutores. Até então o carro mais vendido do Brasil, o Chevrolet Onix ficou cinco meses sem ser produzido devido à escassez de componentes.
Se não bastasse a falta de insumos e componentes para fabricar os carros, eles ficaram mais caros por causa da desvalorização do real frente ao dólar. Aí não teve jeito e as montadoras precisaram repassar ao consumidor os custos maiores para produzir o carro. E os preços explodiram, com aumentos mensais.
Lançado em meados de 2019, o novo Toyota Corolla viu o valor de sua versão de entrada GLI subir 36% em dois anos. Com o carro novo em falta e cada dia mais caro, a compra de carro seminovo ganhou destaque.
Quem ganhou com a falta de carros 0km foi o mercado de carros usados. De acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), entre janeiro e novembro de 2021 foram vendidos 10,33 milhões de automóveis e comerciais leves no país. O número é 25% maior do que o registrado no mesmo período do último ano.
Outro fator que contribuiu para o crescimento na compra de carro seminovo são os novos hábitos adquiridos pela população. Muitas pessoas acabaram abandonando o transporte coletivo por medo de se contaminar com o coronavírus. Assim, buscaram um carro para se locomover com mais segurança.
Este aumento repentino na compra de carro seminovo fez com que alguns modelos sumissem das revendedoras de carros usados. Somado a isso, os carros usados que costumam entrar na troca pelos novos desapareceram com o desabastecimento das concessionárias. Resultado: o preço dos usados disparou, com elevações de até 30% em alguns modelos.
Até mesmo uma situação muito comum em meados da década de 1980 voltou a aparecer em 2021: o carro seminovo valer mais do que o novo. Com os pátios das concessionárias vazios, modelos recém comprados, já documentados e com quilometragem baixíssima passaram a ser muito procurados. Aí a principal lei do mercado é implacável. Quando há pouca oferta e alta demanda, o preço sobe.
Entretanto, desde setembro a compra de carro seminovo começou a perder força, com quedas médias de 7% a cada mês, segundo a Fenabrave. Além dos preços muito altos, as seguidas elevações da taxa básica de juros da economia, a SELIC, tornaram os financiamentos mais caros e as aprovações mais difíceis.
Com a procura menor, os preços dos carros usados pararam de subir. O IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), que é calculado em cima do valor da tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), subiu em média 20% no Brasil todo. Isso assustou os proprietários.
De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a tendência para 2022 é que os preços dos seminovos e usados continuem estáveis durante todo o primeiro semestre. Eles devem passar a cair a partir do segundo semestre. Será quando a produção dos modelos novos deve voltar ao normal. Entretanto, é bem pouco provável que os preços atinjam novamente o patamar pré-pandemia.
Com o aumento da procura e do preço dos modelos usados, bem como no custo das peças de reposição, os valores dos seguros auto também subiram. A boa notícia é que o mercado brasileiro tem alternativas para quem não pode gastar muito com o seguro auto depois da compra do carro seminovo.
Hoje já é possível fazer uma assinatura de seguro, pagar por mês e cancelar qualquer momento sem custos. Outra boa opção é o seguro pago por uso, que é cobrado somente quando o motorista usa o carro. Ambos são perfeitos para quem pretende economizar com os custos mensais de um veículo.